quinta-feira, 12 de março de 2009

Gilmar Mendes está acima do poder que tem

Bom,

hoje tem política? Tem sim senhor!

Nas últimas semanas a imprensa e a mídia brasileira passaram a dar enorme destaque para a figura de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, o STF.

De uma hora para outra vemos o senhor Gilmar rodeado de microfones de todas as redes opinando sobre o que ele acha da vida, da política, dos movimentos. O homem quer falar, microfone nele!

Não há nada demais no chefe do poder judiciário da República Federativa do Brasil exercer o seu poder de chefe. Até porque o chefe do poder executivo, o Lula, faz isso e do Legislativo, o Sarney, também o faz. Dentro da lógica democrática é mais que legítimo esse tipo de atitude. Contribui, inclusive, para "o fortalecimento das instituições democráticas". Frase essa declarada por muitos inclusive, muitas vezes, por uns que já demonstraram que não estavam muito a fim de cultivar tal democracia defendida.

Natural então que Gilmar Mendes tenha os seus pontos de vista e que os defenda.

Sua opção por ficar do lado do banqueiro Daniel Dantas, liberando-o da prisão por mais de uma vez, já dá mostras de que o cara tem uma opção por um lado, digamos, duvidoso. Ora, não há dúvida das intromissões de Dantas nos meandros do poder. De suas articulações, lobbies e compra de 'apoios'. A Revista Carta Capital, por anos vem denunciando as falcatruas do banqueiro. A grande mídia faz-se de tonta e só em casos extremos - quando o assunto realmente aperta - é que noticia alguma coisa. Geralmente Willian Bonner só lê lotinha no visor. Notinhas essas que ele mesmo escreve, afinal é o Editor-chefe do Jornal Nacional. Imagens nenhuma, entrevistas nenhuma, defesas e acusações pouquíssimas. A mídia faz questão de não tocar no assunto. Tudo isso pesa CONTRA nosso 'Super Ministro do Judiciário'.

O que não dá pra engolir é o uso que ele faz dessa posição.

Espera-se do chefe do poder judiciário um tato muito maior pra lidar com essas questões, a meu ver, por duas simples razões:

1) Gilmar Mendes não foi eleito para o cargo que ocupa! No máximo foi 'escolhido' entre seus pares para representá-los na presidência do Supremo. Não recebeu voto da população, não é mandatário de nada. Sua posição é meritocrática, baseada no seu histórico e nos seus estudos, obviamente. Lula recebeu 62 milhões de votos. Sarney representa no Senado o povo do Amapá e foi eleito indiretamente para a Presiência do Senado. Mendes fala mal do MST, mas não tem que dar satisfações a uma 'base eleitoral' simpática ao movimento. Ele não tem que dar satisfação pra ninguém a não ser pra si mesmo.

2) Gilmar Mendes age acima do próprio presidente da República! O Lula fala muito, mas ele não diz tudo o que ele queria dizer. Por uma simples razão: sua posição impede reações mais radicalizadas. Seu cargo elegível e mandatário, pesa na hora de fazer o enfrentamento direto. Claro, ele é chefe de Estado e tem que agir como tal, embora algumas vezes cometa algumas gafes ou fuja do protocolo. Mas ele tem um compromisso com o Estado brasileiro.

Então, quando Mendes se vê arrodeado de microfones da mídia ávida por um 'porta-voz' dos de cima, tome ataques ao MST. Criminaliza o movimento com a maior naturalidade. Pega um fato isolado e cria com ele um fato político, reverberado em todas as TVs grande e nos 'jornalões'.

Suas posições, enquanto Presidente do STF, deviam representar as posições do próprio tribunal. Não as suas, nem do grupo que ele representa no poder.

Gilmar Mendes é um desserviço pra nossa democracia, quando a ela deveria servir.

E isso é entristecedor.

Chico

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