Hoje tem poesia.
É de Mario Jorge*, um poeta sergipano.
Convocação
o fel do agora
amarga
mas é ilusório
as botas esmagam
mas pisam o transitório
o suor roubado durante séculos
o sangue derramado na luta milenar
o pranto chorado na falta de pão
na falta de amor, na escravidão
o grito abafado pelos grilhões traiçoeiros
as grades cruzadas para que ousa amar o irmão quando a Paz é crime
a vida feita de amarra dela mesma
tudo
faz brotar no solo
holocausto luminoso
do escuro passado
fazendo o braço que trabalha
dono da terra
da usina, do arado
e o coração viver do amor
cantando a canção do amanhã libertado
JORGE, Mario. Poemas de Mario Jorge. Aracaju: Gráfica J. Andrade, [1982], p. 20.
Mario Jorge é poeta sergipano. Sua poesia mais conhecida é a concretista. Largou o curso de Direito em Aracaju. Foi pra São Paulo onde largou o curso de Sociologia da USP. "Desbundou", como dizia-se nos anos 70, para os que deixavam a militância política para se dedicar às artes (e drogas...), mas teve grande produção anterior, na fase 'cepecista' (Centro Popular de Cultura - CPC da UNE). Essa poesia é dessa fase cepecista de Mario Jorge. Sua poesia concreta merece ser visitada.
Chico
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Adorei a poesia do Mario Jorge, incrivel
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